Estudos

Investimento português em educação dá frutos nos jovens mas deixa os adultos para trás, diz a OCDE

por EDULOG


4 de maio de 2018 |

O investimento feito em Portugal no setor da educação, nas últimas décadas, está a dar frutos para os jovens, mas a deixar para trás os adultos, diz a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

“Com uma população em rápido envelhecimento e um agravar do fosso de competências entre gerações, Portugal precisa de reforçar ainda mais o seu sistema de educação e formação de adultos”, de acordo com um novo relatório da OCDE.

O “Guia de Implementação de Estratégias de Competências para Portugal” não esquece as metas atingidas no sistema educativo. Ressalva o aumento significativo das taxas de conclusão no ensino secundário e superior e a descida da taxa de abandono escolar, registada desde 2000. Mas também a melhoria de resultados nas avaliações internacionais. Os jovens portugueses de 15 anos conseguiram pontuar acima da média da OCDE em Matemática, Ciência e Literacia, as três áreas avaliadas pelos testes do PISA.

No entanto, os progressos na educação e nas competências dos jovens, contrastam com os dos adultos, alerta a OCDE. Mais de metade dos adultos, entre 25 e 64 anos, não concluíram o ensino secundário, uma taxa superior à de qualquer país daquela organização, à exceção da Turquia e do México.

“Criar competências é fundamental para o sucesso económico e o bem-estar social a longo prazo de Portugal”, afirmou Andreas Schleicher, Diretor de Educação e Competências da OCDE, hoje, durante o lançamento do relatório, em Lisboa. “A criação de um sistema de aprendizagem de adultos mais sustentável e responsável ajudará a dotar os cidadãos de todas as idades com as competências necessárias para aproveitar as oportunidades de um mercado de trabalho em rápida mutação.”

Políticas de educação e formação de adultos

De acordo com a OCDE, as políticas de educação e formação de adultos que Portugal tem curso “mostram uma grande promessa”, mas é preciso mais coordenação entre as várias iniciativas para melhorar o acesso e a qualidade do sistema. “Devem ser tomadas medidas para encorajar mais pessoas a participarem, especialmente pessoas com baixas qualificações que são atualmente menos propensas a participar na aprendizagem de adultos”, diz o relatório.

Por outro lado, é preciso mais informação sobre os benefícios da educação e da formação. “Portugal deve informar melhor os estudantes e a sociedade sobre os retornos financeiros do aumento de competências”, diz a OCDE. Deve também conceber programas de educação e formação de elevada qualidade e relevância para o mercado de trabalho e introduzir incentivos financeiros para pequenas e médias empresas que promovam a formação entre os funcionários. A OCDE sugere ainda a criação de um órgão permanente responsável pela educação e formação de adultos que inclua todos os níveis de governo, agentes de educação e formação, empregadores, sindicatos e o setor sem fins lucrativos.

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