Políticas
por EDULOG
14 de junho de 2017 |
A ‘especialização inteligente’ é uma política da União Europeia destinada a promover a inovação nas regiões tendo em conta as áreas de negócio onde são mais fortes. John Edwards, colaborador do Centro Integrado de Pesquisa da Comissão Europeia, em Sevilha, e especialista nesta política explica o que ela faz: “Desafia as regiões a identificar as áreas em que são mais fortes, que têm mais potencial para se tornarem competitivas, e a focar o investimento dos fundos nessas poucas áreas, em vez de gastar o dinheiro investindo em todas as áreas da economia.”
A ideia é simples, pô-la em prática é mais difícil, como deixou claro à audiência que o ouvia na Conferência Internacional EDULOG 2017sobre “Desenvolvimento Económico nas regiões da Europa do Sul: Políticas e Ensino Superior” que decorreu no Porto entre 25 e 26 de maio.
“Implementar a ‘especialização inteligente’ pode ser difícil porque - como dizemos em inglês - obriga a ‘espalhar a manteiga em camadas muito finas’. Ter ‘café para todos’ - como dizem os Espanhóis - não surte efeito, porque não gera o que designamos por uma ‘massa crítica’ em torno de um setor forte. Algo que tornaria esse setor competitivo na economia global.”
John Edwards defende que a chave para o desenvolvimento regional, tão esperado pelos países do Sul da Europa, está no investimento concentrado em áreas económicas fortes. Pelo menos, assim o entendem as autoridades europeias que promovem esta política: “Esperamos que a ‘especialização inteligente’, usando fundos públicos, também atraia o investimento privado em torno de áreas específicas da economia com potencial de inovação.”
Qual o papel das universidades nisto tudo? “As universidades podem desempenhar muitos papéis”, responde John Edwards, “um deles é trabalhar com o tecido empresarial e autoridades da administração regional para desenvolver currículos que permitam às empresas que operam nas áreas prioritárias ter licenciados qualificados para trabalhar nelas e fazê-las ter sucesso.”
No caso português, o investigador identifica um obstáculo “sério” à ‘especialização inteligente’: “Portugal é um país interessante porque investiu muito em educação, mas enfrenta o problema de muitos jovens deixarem o país. É um desperdício de dinheiro porque houve um investimento nesses diplomados e eles vão trabalhar para fora. É bom para os países que os recebem, é mau para Portugal.”
Neste cenário, explica, o desafio colocado ao país será tentar criar ligações entre as universidades e as empresas para que, no final do curso, os jovens consigam integrar o mercado de trabalho. “A ideia da ‘especialização inteligente’ é que os setores com mais força na região se tornem mais bem-sucedidos e possam, desta forma, criar mais empregos para os diplomados.”