Análise
por EDULOG
28 de outubro de 2016 |
Valorizar o ensino profissional passa por aumentar a sua qualidade. Facto que a OCDE reconhece ser “crucial para combater a imagem negativa que esta modalidade tem em muitos países”. Mas é preciso criar oportunidades para que os alunos do profissional possam prosseguir estudos. Por outro lado, surge a necessidade de integrar estes alunos em estágios e experiências laborais. Segundo dados de 2012, em mais de um terço dos países da OCDE, mais de 50% dos alunos do ensino secundário estavam no ensino profissional, mas menos de 30% desses alunos frequentava cursos combinando a aprendizagem na escola com a formação em contexto de trabalho.
Países com uma elevada qualidade em programas de formação profissional e de aprendizagem em contexto de trabalho estão efetivamente a conseguir criar mais oportunidades de emprego entre os jovens, escrevem os peritos da OCDE, no relatório intitulado “Focus on vocational education and training (VET) programes”. No entanto, em muitos países da OCDE, a percentagem de jovens que não estão empregados, nem em educação ou formação (NEET) é maior entre os alunos que terminam o ensino secundário na via profissional, do que para os colegas dos cursos gerais (científico-humanísticos). Quando comparados com os alunos da via geral, os dos cursos profissionais têm menos probabilidade de acabar o 12.º ano e cinco vezes menos probabilidade de continuar a estudar.
Apesar do papel central que a educação e formação profissional pode desempenhar ao responder às necessidades da economia e do mercado de trabalho, a OCDE conclui que esta via de ensino “tem sido negligenciada no passado e marginalizada nas discussões políticas, muitas vezes ofuscadas pela crescente ênfase na via geral”. Além disso, o valor atribuído ao ensino profissional varia amplamente entre os países, lê-se no relatório: “Nuns desempenha um papel central na formação inicial dos jovens, ao passo que noutros sistemas educativos, a maioria dos estudantes segue para o ensino geral.”
Ainda assim, acrescenta a OCDE, dados de 2012 mostram que em média 44% dos alunos do ensino secundário estavam inscritos em programas de educação e formação profissional. Em mais de um terço dos 40 países e economias da OCDE, mais de 50% dos alunos do ensino secundário estava a estudar na via profissional nesse ano. A percentagem era de pelo menos 70% na Áustria, Bélgica, República Checa, Finlândia, Países Baixos e da República Eslovaca. Em Portugal, 40% dos alunos estava no ensino secundário profissional.
“A aprendizagem em contexto de trabalho integrada nos cursos profissionais pode funcionar como uma garantia de excelência”, diz a OCDE. Alguns sistemas conseguem combinar o ensino em sala de aula com a aprendizagem em cenários laborais, através de um "sistema dual" de ensino. Uma modalidade surge fortemente disseminada em países como a Áustria, a República Checa, a Dinamarca, a Alemanha, a Hungria, os Países Baixos, a República Eslovaca e a Suíça.
A aprendizagem em contexto de trabalho é a melhor forma de os alunos adquirirem as competências profissionais que são valorizadas no mercado laboral. “A aprendizagem em contexto de trabalho é também uma maneira de permitir aos parceiros sociais e empregadores criar programas de ensino profissional, muitas vezes, definindo currículos”, dizem os peritos da OCDE.
O contato com o mundo das empresas “pode facilitar a transição entre a escola e o trabalho” lê-se no relatório, “no entanto, nos países da OCDE, menos de 30% dos alunos matriculados em cursos profissionais ao nível do secundário aprendem em contexto de trabalho”.
A OCDE diz ainda que os sistemas educativos devem assegurar uma boa ligação entre as diferentes modalidades de ensino e reconhece alguns progressos nesta matéria. Mesmo assim, os dados recolhidos mostram que menos de 15% dos jovens formados na via profissional no secundário seguem para o ensino pós-secundário.
Em alguns países isto acontece porque os alunos conseguem emprego logo quando acabam o secundário. Mas noutros, deve-se ao facto de os estudantes do profissional enfrentarem dificuldades em prosseguir estudos. Um aluno do ensino profissional secundário é quase cinco vezes menos propenso a continuar a estudar que um colega do secundário geral.
A OCDE reconhece o esforço feito por alguns países no sentido de diversificar as modalidades ou vias do sistema educativo. Na Suíça, por exemplo, existem “diplomas duplos” que combinam uma qualificação profissional com o acesso ao ensino superior. Na Alemanha, o acesso à universidade para os diplomados do profissional foi bastante reforçado em 2009 e é amplamente apoiado por iniciativas governamentais. E nos Países Baixos, as diferentes vias de aprendizagem - incluindo os cursos de formação profissional - são estruturadas de modo a permitir aos jovens progredir dentro da via que escolheram e alcançar o equivalente ao nível superior.