Análise
por EDULOG
11 de agosto de 2016 |
A maioria dos países da OCDE tem conseguido aumentar o nível de qualificação das suas populações. É esta a principal conclusão do relatório “Olhares sobre a Educação de 2014” que, nesta edição, põe em destaque a relação entre os níveis de escolaridade e o emprego em 34 países que fazem parte daquela organização, bem como nas restantes economias que são suas parceiras.
Na faixa etária dos 25 aos 34 anos, 40% dos adultos dos países da OCDE tem formação ao nível do ensino superior. Canadá, Irlanda, Japão e Coreia apresentam taxas de escolarização muito semelhantes a esta, enquanto a Áustria, República Checa, Alemanha, Itália, México, Portugal, Turquia, Brasil e Colômbia registam menos de 30% de licenciados.
Diferenças que podem resultar dos próprios sistemas educativos, resume a OCDE. No caso de países como a Áustria, República Checa, Alemanha e República Eslovénia pelo facto de os seus sistemas educativos apresentarem uma forte componente de ensino vocacional/profissional, ao nível do ensino secundário.
Segundo o relatório, 60% dos jovens adultos destes países opta por esta modalidade de ensino, pelo que são poucos os jovens com a escolaridade básica, o equivalente ao 9.ª ano. Apenas 11% na Áustria, 6% na República Checa, 13% Alemanha e 6% República Eslovénia. O que os deixa fora do grupo de países onde mais jovens detêm baixas qualificações, ao contrário do que acontece no México, Itália, Turquia e Portugal.
No período entre 2000 e 2013, a população entre os 25 e os 64 anos que apresentava uma escolaridade abaixo do ensino secundário diminuiu em 11%. Outro indicador mostra como a frequência universitária aumentou em 10%. No ano de 2013, um em cada três adultos (33%) dos países da OCDE apresentava qualificações ao nível do ensino superior.
“As novas gerações estão a estudar cada vez mais”, confirma a OCDE. Em 2000, 26% dos jovens, com idades entre os 25 e os 34 anos, era detentor de um diploma universitário; apenas 15% dos adultos entre os 55 e os 65 anos tinha atingido esse nível de qualificação. A percentagem de diplomados aumentava em 2013: 40% dos jovens e 24% dos adultos têm agora um curso superior.
O aumento dos níveis de qualificação estende-se aos restantes níveis de ensino. Mas os cinco países onde existem mais adultos com baixas qualificações (Itália, México, Portugal, Espanha e Turquia), são também os que apresentam a maior percentagem de jovens entre os 25 e os 34 anos com baixas qualificações. Em Portugal e Espanha os jovens nesta situação são mais de 30%. No México e na Turquia mais de 50% dos jovens tem apenas o 9.º ano. Na Itália são menos de 30%.
O relatório da OCDE mostra também que o ensino secundário continua a ser o nível de escolaridade mais frequente entre os países da OCDE. Entre os 25 e os 64 anos, 44% dos adultos tem o 12.º ano. Áustria, a República Checa, a Alemanha, a Polónia e a República Eslovaca, estão acima da média, com mais de 60% da população a atingir este nível de ensino.
O relatório mostra alguns indicadores que se destacam pela negativa: em Espanha, apenas 24% dos jovens adultos tem habilitações ao nível do ensino secundário, 22% entre os mais velhos; no México 52% dos jovens tem habilitações inferiores ao 10.º ano, sendo que apenas 23% completou o ensino secundário.
A OCDE lembra ainda que nos vários sistemas educativos o ensino secundário se divide em dois tipos de programas, tal como acontece em Portugal. Existe uma via de ensino geral, equivalente à científico-humanística, e outra de cariz profissional ou vocacional. Tanto uma como outra têm missões diferentes, a primeira prepara os alunos para o prosseguimento dos estudos, enquanto a segunda se dirige aos estudantes que querem ingressar no mercado de trabalho após a conclusão do secundário.
É precisamente na frequência destes dois tipos programas que se notam diferenças estruturantes entre os países da OCDE. Um em cada dois adultos frequentou um curso profissional na Áustria, República Checa, Alemanha, Hungria, República Eslovaca. Em Israel, Espanha e Turquia, a proporção baixa para menos de um em cada dez. O ensino profissional ou vocacional continua a ser mais uma opção para os alunos do sexo masculino (37%) do que para os do feminino (31%), destaca a OCDE.
De modo geral, as taxas de emprego para os adultos (com idades entre os 25 aos 64 anos) que têm habilitações ao nível do secundário na via profissional rondam os 75%. Paralelamente, entre os alunos que obtêm formação na via geral (ou científico-humanística) as taxas de emprego rondam os 69%. No entanto, alerta a OCDE, esta diferença ao nível da empregabilidade pode ter justificação no facto de os alunos da via geral, simplesmente, continuarem os estudos para a universidade, em vez de procurarem trabalho.
O relatório da OCDE destaca ainda o papel do ensino dual, que combina a formação escolar com a prática em contexto de trabalho. Um modelo que suscita uma forte adesão na Áustria, Alemanha, Luxemburgo, Holanda e Suíça. De notar ainda, que em países como a Dinamarca, o Luxemburgo, a Letónia e as Eslovénia, com uma forte tradição no ensino vocacional ou profissional, as taxas de desemprego são mais elevadas para os alunos que seguem outras vias.