Políticas

“Os diretores de escola são vistos como pessoas competentes pelos seus liderados”

por EDULOG


12 de outubro de 2017 |

O estilo de liderança transformacional é mais frequente nas escolas. Apesar de constituir um “ótimo” perfil de líder para os diretores de escola, “ainda há margem para melhorias”, dizem os investigadores do projeto “Gestão Escolar e Melhoria das Escolas”, do EDULOG – Think Tank da Educação, da Fundação Belmiro de Azevedo.

Um inquérito online realizado a 20.631 professores do ensino público sobre práticas de liderança mostra que 29,4% dos inquiridos tem a perceção de que na sua escola existe um perfil de liderança transformacional, 50,1% não identifica um estilo de liderança dominante e 9,6% tem a perceção que há uma ausência de liderança.

Líderes transformacionais conseguem dos seus colaboradores níveis de desenvolvimento e produtividade muito significativos. Mas também são conhecidos por promoverem ambientes de trabalho onde existe espírito de interajuda, maior coesão e menor pressão emocional. Por isso, são normalmente acolhidos pelos colaboradores com admiração e respeito. Para 29,4%, dos 20.631 inquiridos para este estudo, este é o estilo de liderança praticado pelo diretor da escola onde lecionam.

São os primeiros resultados do projeto EDUGEST – Gestão Escolar e Melhoria das Escolas, coordenado pelo Centro de Estudos em Desenvolvimento Humano da Universidade Católica do Porto e financiado pelo EDULOG – Think Tank da Educação, da Fundação Belmiro de Azevedo.

O estilo de liderança com menor expressividade nas respostas dos inquiridos é o “laissez faire”, ou seja, a ausência de liderança. Trata-se do estilo de liderança “menos desejado” por qualquer tipo de organização, explicam os investigadores do projeto. A boa notícia: é o menos praticado nas escolas portuguesas. Apenas 9,6% dos inquiridos relatam que na escola onde lecionam não há liderança.

A percentagem mais elevada de inquiridos (50,1%), no entanto, não consegue identificar um estilo de liderança dominante. “Mas isto não significa uma ausência de liderança”, explica Ilídia Cabral, professora da Universidade Católica do Porto e coordenadora do projeto EDUGEST, parece antes “apontar para a existência de uma liderança situacional, que se vai adaptando aos diferentes contextos”.

Os dados revelam apenas a visão que os professores têm sobre o perfil de liderança dos seus diretores. Ainda assim, de acordo com Ilídia Cabral, é possível observar que para uma elevada percentagem de docentes, “o diretor da escola é alguém que inspira os outros, age com integridade e é coerente entre as metas que anuncia e as suas ações”.

“Os diretores de escola são vistos como pessoas competentes e com influência pelos seus liderados”, acrescenta a investigadora. Apesar do cenário ser otimista, Ilídia Cabral assegura que “ainda há margem para melhorias” relativamente à forma como os diretores de escola lideram. Basta pensar no que ainda pode ser feito ao nível da formação para o desempenho de cargos de direção em contexto escolar.

Nesta fase do estudo, os investigadores confirmaram ainda a existência de alguns entraves à liderança identificada por 29,4% dos inquiridos e que também consideram ser a “ideal”: “A política de agrupamentos de escola [com os mega-agrupamentos] parece dificultar a liderança transformacional”, refere Ilídia Cabral. “Percebe-se a dificuldade, do ponto de vista organizacional, de se adotarem práticas transformacionais quando o diretor não pode estar presente – porque não é omnipresente – em todas as unidades orgânicas do agrupamento.”

A liderança é apontada como um dos fatores-chave para a inovação e mudança educativa. Os investigadores esperam ainda perceber o impacto dos modelos de organização das escolas no sucesso educativo. No dia 18 de outubro serão apresentados os primeiros resultados do estudo durante o Seminário do projeto EDUGEST: Gestão Escolar e Melhoria das Escolas, na Universidade Católica Portuguesa do Porto. Poderá encontrar mais informações aqui.

O estudo está a ser financiado pelo EDULOG – Think Tank da Educação da Fundação Belmiro de Azevedo e coordenado pelo Centro de Estudos em Desenvolvimento Humano, da Universidade Católica do Porto. Nesta fase, foram aplicados questionários online a 20.631 professores do ensino público, recorrendo à plataforma Google Forms, com o apoio da Direção-Geral de Administração Escolar (DGAE), a qual assegurou o envio do e-email com o questionário ao universo de professores das escolas públicas do continente.

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