A maioria das famílias tem computador em casa, pelo que não será a falta de acesso aos dispositivos, como portáteis, tablets e smartphones, que impedirá o sucesso do ensino à distância. "

Evidência Março 2020

A maior parte das famílias portuguesas tem computador e acesso à internet em casa. Mas não é a totalidade, o que põe em causa a universalidade do ensino.


A implementação do ensino à distância, na sequência do encerramento das escolas, traz grandes desafios às comunidades educativas dos países afetados pela pandemia covid-19. Em Portugal, algumas escolas públicas estão a ligar aos encarregados de educação dos seus alunos para saber se têm computador e internet em casa. A preocupação: saber que condições existem nos agregados familiares para que os alunos possam aprender com recurso à tecnologia.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), 71,4% das famílias portuguesas admitia em 2017 ter em casa pelo menos um computador a funcionar; no espectro europeu só as famílias gregas estavam piores do que nós: 70,5% tinham um computador em casa. Tinham acesso à internet em casa, por ligação telefónica, ADSL ou cabo, 80,9% das famílias portuguesas, em 2019. Apenas na Grécia, as famílias estavam ainda menos “ligadas” do que em Portugal.

Fonte: OECD (2020), Access to computers from home (indicator). doi: 10.1787/a70b8a9f-en (acedido em 29 março 2020)

Computador individual e boa ligação à Internet parecem ser, agora, essenciais para que crianças e jovens continuem a aprender na sala de estar, enquanto não o podem fazer na sala de aula. Estudos na área da literacia digital, contudo, têm alertado para duas realidades distintas na relação das pessoas com a tecnologia: uma coisa é ter meios à disposição (computadores, tablets, smartphones, internet), outra é saber fazer um uso crítico, criterioso e criativo deles. A premissa vale para alunos, pais e professores.