Acesso ao ensino superior

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Estudantes nacionais e internacionais no acesso ao ensino superior

Estudantes nacionais e internacionais no acesso ao ensino superior

O estudo "Estudantes nacionais e internacionais no acesso ao ensino superior" teve como um dos seus principais objetivos perceber se a massificação do acesso ao ensino superior tem contribuído ou não para colmatar desigualdades no acesso, sucesso e permanência/abandono dos estudantes. Os resultados obtidos mostram que a expansão do ensino superior em Portugal não se traduziu na eliminação das desigualdades, sendo o contexto socioeconómico o fator que mais as promove.

Recomendações

Setembro 2021

  1. Os processos de orientação das escolhas dos estudantes, ainda no ensino secundário, devem ser reforçados de forma a assegurar menos segregação socioeconómica e de género, e mais satisfação com o ensino superior.

  2. A implementação de medidas de incentivo à escolha de cursos de ensino secundário que permitam e incentivem o acesso das raparigas a cursos superiores em áreas CTEM poderá reduzir a segregação de género evidente nestas áreas.

  3. Os estudantes de contextos desfavorecidos e as suas famílias podem ser alvo de alvo de ações de sensibilização sobre os benefícios do ensino superior, que chamem a sua atenção, não apenas para os retornos económicos que este proporciona, mas também para as competências técnicas e transversais que desenvolve e o estabelecimento de redes de contactos que favorece. Estas ações devem tirar partido do bom exemplo de estudantes provenientes de contextos semelhantes e bem-sucedidos no ensino superior.

  4. A alteração das condições de atribuição de bolsas de ação social de modo a alargar o número de estudantes elegíveis surge como uma medida apropriada para reduzir o abandono e aumentar a permanência no ensino superior.

  5. A redução do abandono passa também por uma maior satisfação dos estudantes com os resultados da colocação, seja com o curso em que se inscrevem, seja com a IES e a sua localização geográfica face à zona de residência. O acesso de mais estudantes aos cursos/IES da sua primeira escolha deve ser promovido, procurando continuar a alargar a oferta em cursos e IES com taxas de ocupação mais elevadas e com mais candidatos em primeira opção.

  6. Muitas IES têm vindo a trabalhar no desenho de políticas institucionais mais inclusivas. Importa adaptá-las, mas, sobretudo, importa avaliar o seu impacto de forma sistemática e prestar contas à sociedade. Essa avaliação pode ser feita através da definição interna de indicadores de equidade na admissão e na permanência/abandono das próprias IES. Idealmente, esses indicadores seriam definidos para todas as IES e usados na avaliação externa da qualidade.

  7. O trabalho de complementaridade entre as IES e o mercado de trabalho que tem vindo a desenvolver-se nos últimos anos em muitas IES deve ser continuado e intensificado. As IES devem procurar suprir algumas lacunas decorrentes do nível socioeconómico dos pais. Nomeadamente, devem procurar antecipar e desenvolver as competências necessárias a uma melhor integração no mercado de trabalho.

  8. Para tornar Portugal mais atrativo para estudantes de países desenvolvidos (e.g. Europeus) é fundamental melhorar a sua visibilidade no panorama científico internacional, o que exigirá um maior investimento no financiamento da investigação, na sequência do que tinha sido iniciado pelo Ministro Mariano Gago.

  9. Deve ser revista a política de atribuição de bolsas para estudantes internacionais. Isso já foi feito em relação às bolsas FCT para doutoramento, mas deve ser fortemente incrementado e alargado a outros graus.

  10. É necessário que as IES portuguesas ofereçam formação na língua inglesa, por forma a poderem atrair estudantes que não falem a nossa língua.

  11. É necessário desenvolver competências culturais e linguísticas entre o pessoal docente e não docente.

  12. É necessário rever a situação dos estudantes europeus aos quais não se aplica o Estatuto de Estudante Internacional.

  13. Um dos maiores entraves ao recrutamento de estudantes internacionais, não Europeus, consiste na burocracia necessária para entrar em Portugal para estudar. É fundamental facilitar a obtenção de vistos e autorizações de residência e de trabalho em regime de part-time.

  14. Deve ser estudada a criação, em tempo útil, de um “visto de estudante”, com base numa burocracia simplificada.

  15. Deve ser incentivada a coordenação nacional entre os diversos organismos intervenientes no percurso dos estudantes internacionais antes e depois da chegada a Portugal (instituições de ensino superior, embaixadas, SEF, finanças).


Nota:
Os dados resultantes deste estudo podem ser explorados no EDUSTAT - Observatório da Educação.