Análise

“Professores são o recurso mais importante das escolas”, diz a OCDE

por EDULOG


18 de julho de 2018 |

Professores mais qualificados devem lecionar nas escolas mais desafiadoras, diz a OCDE. Os resultados do PISA 2015 mostram que as políticas de seleção e recrutamento docente estão a influenciar os resultados dos alunos.

“Na maioria dos países, o código postal do aluno ou da escola continua a ser um dos melhores indicadores do sucesso da educação.” Para Andreas Schleicher, Diretor de Educação e Competências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) “essa evidência mostra que os países podem corrigir as desigualdades de oportunidades se atribuírem professores de elevada qualidade, e não apenas mais professores, às escolas mais desafiadoras”. Como?

Aqui, as políticas de recrutamento de professores e de progressão na carreira desempenham um papel crítico, frisa a OCDE no relatório “Effective Teacher Policies”. O estudo reúne informação com base nos inquéritos feitos a professores de 72 países e economias, em 2015 durante a última edição do PISA (Programme for International Student Assessment), o programa que avalia os conhecimentos dos alunos de 15 anos a Leitura, Matemática e Ciências, a cada quatro anos.

Emprego docente

Existem várias diferenças no modo como as carreiras são estruturadas, na forma como os professores são recrutados e avaliados. Mas, o mais comum entre os países da OCDE é ter docentes no ensino público com empregos “baseados na carreira”. Ou seja, em que “a entrada é competitiva, a progressão na carreira é extensivamente regulada e o emprego para toda a vida é amplamente garantido”, descreve a OCDE.

“Porque os professores não podem ser facilmente removidos por desempenhos insatisfatórios, a qualidade da docência depende, sobretudo, em estabelecer elevados critérios de admissão aos cursos vocacionados para o ensino, da qualidade da formação inicial e da atenção dada à qualidade dessa formação nos processos de seleção e recrutamento”, lê-se no relatório. Modelos como este encontram-se, por exemplo, na França, Itália, Japão e Coreia.

Apenas alguns países têm um modelo de emprego público “baseado na posição”. Significa que se seleciona o candidato mais adequado para o lugar a ocupar por recrutamento externo ou promoção interna. É o que acontece, por exemplo, no Canadá, Suécia, Suíça e Reino Unido, onde os professores se candidatam a posições específicas, mostrando que têm as competências necessárias para a função.

Muitos países conseguem combinar elementos dos dois modelos de emprego. Nesses, é maior o envolvimento das escolas na seleção de docentes para determinadas funções, diz a OCDE, acrescentando que, no geral, “reformas mais radicais no emprego público são raras e várias vezes encontram uma resistência significativa.”

O que distingue os melhores?

No relatório “Effective Teacher Policies”, a OCDE mostra o que distingue os professores que lecionam nos 17 países com melhores desempenhos. Ou seja, aqueles que têm, ao mesmo tempo, maior percentagem de alunos com notas altas (nível 5) e menor percentagem de alunos com notas baixas (nível 2) nas três áreas avaliadas. Neste grupo, incluem-se, por exemplo, a Austrália, Canadá, Estónia, Finlândia, Alemanha, Noruega, Singapura, Japão, Coreia e Hong Kong.

Apesar da variedade de modelos de emprego docente nos 17 países, a OCDE encontrou três elementos comuns em matéria de recrutamento e desenvolvimento profissional.

Primeiro: os professores passam por um período longo e obrigatório de estágio prático, a dar aulas, que integra a formação inicial ou se realiza no início da carreira. Segundo: existe uma ampla variedade ações de formação “à medida” para os professores em funções, por exemplo, formações organizadas pela escola. Terceiro: os docentes são avaliados; a avaliação pode estar prevista na lei ou enraizada na prática da escola, mas é muito direcionada para o desenvolvimento contínuo do professor.

Sejam quais forem os resultados dos alunos, uma coisa a OCDE saber: “os professores são o recurso mais importante das escolas”. A evidência revela que “aumentar a eficiência das escolas depende, em larga medida, de assegurar que profissionais competentes queiram trabalhar na área do ensino”. Por isso, a OCDE aconselha os países encontrar formas de atrair os melhores candidatos para a profissão docente.

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