Análise
por EDULOG
11 de setembro de 2019 |
Basta um olhar de relance pelo ensino superior em Portugal para perceber que muito mudou. Por exemplo, 25% dos adultos entre os 25 e os 64 anos frequentaram o ensino superior. A OCDE reconhece estar perante “uma melhoria considerável ao longo das últimas décadas”. Mas avisa que a percentagem ainda fica muito aquém da média da OCDE de quase 40%.
Não é novidade: contam-se mais diplomados entre as gerações mais novas. Em 2018, 35% dos jovens entre os 23 aos 34 anos tinham o ensino superior, mas na faixa dos 55 aos 64 anos a percentagem era apenas de 14%.
Em 2017, 33% dos alunos que frequentavam o ensino superior em Portugal estavam a tirar mestrado integrado ou não integrado. Mais de o dobro da média de 16% da OCDE. A percentagem de alunos em doutoramento está também acima da média da OCDE (6% em Portugal, 2% nos países da OCDE). Dos 2100 alunos de doutoramento, em 2017, 55% eram mulheres e 23% estudantes internacionais (47% e 25%, respetivamente na OCDE).
Diz a OCDE que apesar dos alunos de licenciatura e mestrado em Portugal entrarem ainda jovens nestes graus de ensino, é muito mais tarde que ingressam no doutoramento, pelos 34 anos, quando os colegas da OCDE o fazem aos 29 anos.
Apesar das elevadas taxas de frequência do ensino superior, Portugal “sofre” de baixas taxas de conclusão, evidencia o sumário dedicado a Portugal do relatório “Education at a Glance 2019”. Na prática, entram mais alunos em Portugal, mas são menos aqueles que completam a formação no tempo devido.
Tendo por referência a idade típica de ingresso, na maioria dos países da OCDE, entre os 19 e os 20 anos, cerca de 41% dos jovens portugueses frequentam cursos superiores. Uma percentagem acima da média de 37% da OCDE. No entanto, apenas 30% dos que ingressam numa licenciatura de três anos a terminam nesse período, a média é de 39% na OCDE. Aumentando o período de frequência do ensino superior para seis anos, a taxa de conclusão sobe para os 65%, mas continua abaixo da média da OCDE de 67%.
Apesar do concurso nacional de acesso ao ensino superior em Portugal ser “seletivo nas admissões, só uma pequena percentagem de candidatos (11%) aos cursos do primeiro ciclo (licenciatura) são rejeitados”, escreve a OCDE, contrapondo: “Em países que oferecem amplo acesso ao ensino superior, os alunos podem precisar de mais tempo para cumprir os padrões estabelecidos pelas instituições de ensino, o que poderia ajudar a explicar a elevada taxa de atraso na conclusão.”
A OCDE deixa um aviso nesta matéria: “Os atrasos na conclusão dos cursos podem ser preocupantes se estiverem associados a elevadas taxas de desistência.” Em Portugal, cerca de 12% dos alunos que entram numa licenciatura abandonam o curso antes de começar o segundo ano de estudos, em consonância com o que acontece na OCDE. Ao fim de seis anos, a percentagem de alunos que abandonaram a instituição de ensino superior sem concluir a formação sobe para os 26%, quando a média é de 24% na OCDE.