Análise
por EDULOG
30 de abril de 2020 |
Como os sistemas educativos estão a gerir o novo regresso às aulas do ano letivo 2019/2020? Muitos países estão a avaliar a situação, a cada duas semanas. Mas a maioria optou pela suspensão das aulas presenciais até nova ordem. A Dinamarca foi o primeiro país europeu a reabrir creches e jardins-de-infância. Alemanha e Noruega começaram esta semana o desconfinamento no ensino. Há países que optam por um regresso faseado, priorizando alguns níveis de escolaridade. Outros têm decisões pendentes. Esperam aprender a lição com quem está na dianteira. A 24 de abril, pelo menos 191 países mantinham as escolas encerradas, segundo a UNESCO. A organização estima que 90,2% dos alunos do mundo estão a ser afetados pelas medidas de contenção da pandemia.
À entrada da escola um professor borrifa gel desinfetante nas mãos de um aluno. A foto, divulgada na imprensa alemã, mostra as medidas de higiene impostas às escolas. Máscaras serão obrigatórias nos corredores e durante os intervalos, mas não durante as aulas. Esta segunda-feira, os finalistas do ensino secundário e profissional que fazem exames nacionais voltaram às aulas presenciais, em metade dos 16 estados alemães. A 4 de maio regressam à escola os alunos que terminam o ensino primário no próximo ano. A Alemanha foi um dos países europeus que mais adiou o encerramento de escolas, por recear o impacto da medida no setor de produção, uma vez que os pais teriam de ficar em casa para cuidar dos filhos.
A Áustria foi célere a fechar as escolas como resposta à pandemia. Agora, a maioria dos alunos poderá regressar a 18 de maio. Haverá turmas divididas em dois grupos, cada um com aulas em metade da semana para garantir o distanciamento físico entre as mesas na sala de aula. Os finalistas do secundário são os primeiros a voltar (4 de maio) para se prepararem para os exames nacionais às disciplinas de matemática, alemão e língua estrangeira. Os últimos serão os alunos de 15 ou mais anos a frequentar anos que não sejam de final de ciclo (28 de maio). O governo diz estar a acompanhar as experiências da Dinamarca e da Noruega para agir em conformidade.
As escolas começam a abrir a partir de 18 maio para as crianças entre os seis e os 18 anos. O regresso acontece por grupos etários, com o uso de máscaras a ser obrigatório a partir dos 12 anos nas escolas e nos transportes públicos. As turmas não poderão ter mais de 10 crianças, num espaço de pelo menos quatro metros quadrados por criança. O anúncio foi feito a 24 de abril pela primeira-ministra belga, Sophie Wilmes, salientando que “nada estava escrito na pedra”. A Bélgica tinha encerrado as escolas do ensino básico e secundário a 16 de março. Creches e pré-escolar continuam fechadas até final de maio.
Em Macau, os alunos do ensino secundário regressam à escola nos dias 4 e 11 de maio. Terminam assim mais de dois meses sem aulas devido à pandemia. A medição da temperatura ao entrar nos estabelecimentos de ensino e o uso de máscara serão obrigatórios para os mais de 25 mil alunos. Pré-escolar e ensino básico e alunos do ensino especial continuam com as aulas suspensas. Em Pequim, as escolas secundárias abriram esta segunda-feira. O objetivo: preparar os alunos para os exames de acesso ao ensino superior. O regresso às aulas dos alunos do ensino básico prevê-se que seja a 11 de maio. Mas tanto os jardins-de-infância, como as universidades e as escolas de ensino profissional deverão continuar fechados.
No recreio de escola primária crianças jogam à apanhada, mas, em vez de se tocarem, pisam as suas sombras. Na sala de aula as mesas reposicionam-se a dois metros de distância. Turmas reduzidas a 12 alunos. É o “novo normal” na Dinamarca. Creches, jardins-de-infância, escolas do 1º e 2º ciclo abriram portas e alunos do 12º ano voltaram às aulas a 15 de abril. Mas apenas em metade das municipalidades e em 35% das escolas de Copenhaga. As outras escolas pediram adiamento da abertura até 20 abril para se adaptaram às regras de higienização e distanciamento social. O regresso dos restantes níveis de escolaridade está agendado para 10 de maio. Até lá estes alunos continuam a aprender à distância.
Na Finlândia, creches e jardins-de-infância estão autorizados a receber crianças. Isto significa que a decisão de fechar ou não pode caber à administração municipal. As escolas do 1º ciclo também estão abertas, mas o governo aconselhou os pais a “sempre que possível” manter as crianças em casa, utilizando em alternativa o ensino à distância. As restrições ao contacto com os professores foram alargadas até 13 de maio. O país diz poderá encerrar as escolas até ao final do ano letivo (30 maio), se for necessário. As instituições de ensino superior permanecem fechadas.
A Islândia e a Suécia mantiveram sempre as escolas básicas do 1º e 2º ciclo abertas durante a pandemia. Foram os únicos a contrariar a tendência europeia para encerrar os estabelecimentos de ensino. Os governos dos dois países confiam numa estratégia de distanciamento social e em medidas de higiene para prevenir a transmissão do vírus. Fecharam apenas as escolas do 3º ciclo, ensino secundário e ensino superior.
Bares fechados. Aulas de educação física canceladas. Turmas divididas em grupos mais pequenos. Cada aluno e professor vão receber um kit com duas máscaras, pois o seu uso será obrigatório na ida e regresso da escola. Os intervalos foram reorganizados para evitar aglomerados de alunos. Caso haja algum infetado, a escola não será encerrada - serão apenas testadas e isoladas as pessoas em contato direto. É com estas medidas que o Luxemburgo prepara o regresso às aulas em maio. Primeiro, (dia 4) voltam os alunos do ensino secundário que fazem os exames finais a 25 de maio, seguem-se os restantes alunos do secundário, os do básico, pré-escolar e, por fim, os da creche e berçário.
Uma semana depois da abertura de berçários e creches, a Noruega abre as escolas do ensino primário (dos 6 aos 10 anos). As turmas estão reduzidas a um máximo de 15 alunos. Numa escola primária, próxima de Oslo, o chão foi pintado com flores que assinalam a distância de segurança que as crianças devem guardar entre si. Desenhos sensibilizam as crianças para as consequências da pandemia. O diretor de outra escola explica que se antes os alunos de 5 anos partilhavam mesas na sala de aula, agora cada um tem a sua. Os recreios foram divididos e o foco está na higiene. O governo norueguês garante que a pandemia está controlada e que pais, professores e pessoal não docente se sentem seguros.
O governo português deverá autorizar o regresso à escola dos alunos do 11º e 12º ano a 18 de maio e de reabrir as creches a 1 de junho. Quanto aos alunos destes dois anos do ensino secundário, a intenção é que possam ter aulas presenciais às 22 disciplinas sujeitas a exames nacionais. Isto porque as notas destes exames contam para a média que determina a entrada no ensino superior. O plano de contingência do governo para as escolas assenta no distanciamento social e no uso de materiais de proteção, onde se incluem máscaras e luvas.