Estudos

Como combinar medidas da eficácia do professor para discriminar o ensino eficaz do ineficaz?

por EDULOG


22 de julho de 2016 |

O aparecimento de grandes conjuntos de dados longitudinais que relacionam professores e estudantes tem permitido aos pesquisadores separar a contribuição dos docentes de outros fatores que também influenciam os resultados dos alunos.

Parte substancial da literatura tem documentado uma grande variação na eficácia do professor que não é bem explicada por características observáveis no estudante ou no professor, tais como anos de escolaridade ou experiência. A restante literatura investiga como os resultados educacionais podem ser melhorados ao alavancar neles a eficácia do professor, através de processos de recrutamento, atribuição, remuneração, avaliação, promoção e retenção.

“Estas duas linhas de investigação estão intimamente ligadas”, alertam C. Kirabo Jackson, Jonah E. Rockoff e Douglas O. Staiger, no artigo “Teacher Effects and Teacher-Related Policies”: “A primeira diz-nos muito sobre a importância individual dos professores, a segunda mostra como essa informação pode ser usada na política e na prática”. Neste artigo, os autores fazem uma revisão científica das mais recentes descobertas sobre a importância dos professores, bem como das políticas relacionadas com o professor que visam melhorar a “produção educacional”.

Depois de uma década de estudos, “restam poucas dúvidas sobre a existência de uma grande variação na eficácia docente e que os dados e métodos geralmente aplicados no campo de estudo estimam um impacto casual do professor no desempenho do aluno”, escrevem Jackson, Rockoff e Staiger. Os Estados e os distritos escolares estão rapidamente a implementar políticas de avaliação docente que vão muito além da evidência e urgentemente procuram respostas para uma série de questões. Em causa não está mais a questão se a atuação ou desempenho do docente têm efeitos nos alunos e se é possível medi-los. Mas sim, se podemos estimar melhor o impacto desses efeitos e de que forma esses dados podem ser usados para implementar políticas educativas e na prática docente?

Mas para estimar de forma eficaz o impacto do professor é necessário mais trabalho em duas grandes áreas. A primeira, no desenvolvimento de métodos práticos para reunir informação ao longo de vários anos e de múltiplas medidas para melhor estimar os efeitos produzidos nos alunos. Grandes conjuntos de dados longitudinais estão a ser desenvolvidos para fornecer anualmente um número crescente de medidas de ensino. Há também uma necessidade premente de orientação sobre como combinar essas medidas para produzir uma avaliação do valor acrescentado do docente que seja fiável e capaz de discriminar o ensino eficaz e ineficaz.

A segunda área onde é necessário trabalhar é no desenvolvimento e na compreensão de medidas mais eficazes, que possam ir além do efeito médio causal dos professores calculado com base dos resultados dos testes estaduais de matemática e inglês. Por exemplo, como devemos estimar os efeitos dos professores sobre os resultados não-cognitivos? Ou em níveis de ensino e disciplinas até agora não testadas? Ou comparar os professores em diferentes contextos? De que forma os efeitos dos professores sobre estas outras medidas se relacionam com resultados económicos e sociais a longo prazo? À medida que os administradores das escolas e os professores ganham experiência com medidas de eficácia do docente estas questões práticas vão-se tornar cada vez mais evidentes.

Igualmente importante, dizem os autores, é continuar o trabalho para entender melhor como essas medidas devem ser usadas na melhoria da qualidade do ensino? Que combinação de seleção de professores, orientação e feedback e pagamentos de acordo com o desempenho serão melhor sucedidos? Quais as características específicas destas reformas e como podem ser implementadas para fazer a diferença?

Por tudo isto, concluem os autores, “ao longo dos próximos anos, as reformas estaduais das políticas de avaliação de professores vão fornecer um laboratório rico para entender como o desenho organizacional influencia a produtividade educacional”.

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