Análise

Cinco tendências que vão moldar a Educação

por EDULOG


29 de março de 2016 |

Que desafios se colocam aos diversos sistemas educativos mundiais? Num longo relatório, intitulado “Trends Shaping Education 2016”, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mostra quais as grandes tendências que estão a moldar a educação.

A globalização, o futuro do Estado-Nação, a emergência de mega-cidades, alterações no modelo tradicional de família, a inovação tecnológica, são estas as grandes tendências que vão determinar o futuro da educação. A OCDE antecipa a reflexão sobre como estes fenómenos se interligam e juntos interferem na vida das famílias e nas escolas.

O mundo está a tornar-se menos local. As populações migram. A globalização traz consigo a imigração. Dados reunidos neste relatório mostram que entre 1960 e 2010 a percentagem de população de origem estrangeira tem aumentado em todos os países da OCDE. Aos países tradicionalmente mais escolhidos como destino, Austrália e Canadá, juntam-se agora outros, até há alguns anos com menos registos de imigração, como a Espanha, Itália e Irlanda. Que respostas a escola está a dar à crescente diversidade ética e cultural dos seus alunos?

Os Estados-Nação são responsáveis pela segurança nacional. Será que o aumento dos extremismos e a instabilidade global vão conduzir a um aumento dos gastos militares? Que competências deve a escola ensinar aos futuros militares? Entre os países da OCDE e dos BRIC (Brasil, Rússia, India e China), a despesa militar diminuiu nos últimos 20 anos. Na Islândia, Luxemburgo, México e Suíça a despesa pública militar é inferior a 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Noutros países, como é o caso dos EUA, apesar de os anos de 1988 a 2000 terem acompanhado a descida no investimento militar, entre 2000 e 2133 os gastos voltaram a subir.

Há cidades que são verdadeiros países. A Cidade do México viu a sua população crescer acima dos 20 milhões. Atualmente mais de metade da população mundial vive em cidades, até 2050 o ratio vai aumentar para sete em cada dez pessoas. A crescente urbanização das sociedades acarreta paradoxos: concentram mais serviços se saúde e oferecem mais oportunidades de emprego, mas também acomodam altos níveis de pobreza e exclusão laboral. Condições difíceis geram violência e alienação social. Que consequências têm estes fenómenos nas famílias, nas crianças e, por acréscimo nos sistemas educativos?

A mudança na estrutura familiar dominante no século XX, composta por um pai trabalhador, uma mãe doméstica e os filhos, é outra das tendências que estão e vão continuar a moldar os sistemas educativos. Os casamentos têm diminuído e os divórcios aumentado. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal em quase metade dos 33 países da OCDE, tendo começado na Holanda em 2001 e alargando-se a outros membros. Mas os desafios colocados por esta nova realidade ultrapassam a questão da legalização e centram-se na discriminação. Crescem as famílias monoparentais. E decisão de ter filhos surge cada vez mais tarde. As escolas vão ter forçosamente de ter em conta todas estas alterações para acomodar a diversidade das estruturas familiares.

Por último, a inovação tecnológica arrasta consigo um admirável mundo novo. Entre 2006 e 2013, o número de utilizadores da Internet nos países da OCDE subiu de 61% para 79%. As tecnologias móveis permitem fazer quase tudo, desde pagar contas, assistir a filmes, fazer reuniões sem sair de casa. Em 2007, 30% dos indivíduos dos países da OCDE fazia compras ou contratualizava serviços online, em 2014 eram já 50%. Vários estudos comprovam que os utilizadores da Internet estão mais aptos a realizar várias tarefas em simultâneo. Outras inovações, como o sequenciamento do genoma humano, têm todo um potencial ainda por explorar. Mas novas tecnologias são também sinónimo de novos problemas como a pirataria informática o cyberbulling e o agravamento do fosso digital, entre quem tem e quem não tem acesso à tecnologia.

O relatório da OCDE pretende chamar a atenção de pais, professores, educadores e decisores políticos, por essa razão termina lançando um desafio aos leitores para que reflitam sobre as tendências descritas ao longo das mais de cem páginas e se questionem sobre o impacto de cada uma delas nas suas vidas.

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