Estudos

Avaliação docente: o que fazer com as medidas de “valor acrescentado”?

por EDULOG


21 de junho de 2016 |

A avaliação dos professores com base no seu contributo para a aprendizagem dos alunos, designada por “valor-acrescentado” (VA), tem suscitado uma reforma ao nível da política educativa. A sua utilização na avaliação docente ganha popularidade, mas permanece envolta em polémica.

“Há uma necessidade óbvia de sistemas de avaliação dos docentes que incluam um amplo, mas também verificável e comparável conjunto de critérios de avaliação que distingam a eficácia docente”, lê-se no artigo “Evaluating Teachers: The Importante Role of Value-Added”, publicado em 2010, da autoria do Grupo de Trabalho para a Qualidade Docente do Centro Brookings Brown.

Atualmente, a vasta maioria dos distritos escolares, nos Estados Unidos da América (EUA) emprega sistemas de avaliação que resultam em notas máximas para todos os docentes. Portanto, escrevem os autores deste artigo, todos esses sistemas falham em apontar diferenças significativas entre os níveis de eficácia docente, escrevem os autores. Por essa razão, os autores assumem a importância de esclarecer quatro matérias que estão a gerar controversas em torno da avaliação que inclui o VA docente.

A primeira confusão acontece entre o que é o VA e o uso que lhe é dado. “Podemos ser a favor da sua inclusão num sistema de avaliação sem, contudo, revelar informação individual sobre os docentes ao público em geral.” A segunda, é entre as consequências para os professores da sua aplicação versus as consequências para os alunos que classificam ou desqualificam o professor de eficaz ou ineficaz – uma vez que os interesses de uns e de outros nem sempre estão alinhados.

A terceira confusão prende-se com a confiança posta nas medidas de valor-acrescentado quando se destinam à avaliação individual, por comparação a outro tipo de avaliações de desempenho, sobretudo tendo em consideração a possibilidade de estas medidas poderem vir a influenciar a tomadas decisões políticas importantes. A quarta, é entre a fiabilidade dos sistemas de avaliação de professores que incluem o VA versus aqueles que não o fazem.

Apesar de todas estas preocupações, a última geração de sistemas de avaliação de professores procura incorporar informações sobre o valor acrescentado por professores individuais ao desempenho dos alunos. A contribuição do professor pode ser estimada através de múltiplas formas. Alguma luz pode ser trazida sobre este cálculo. Por norma, envolve alguma variante da fórmula que implica subtrair a pontuação obtida pelo aluno num teste de desempenho no início do ano à pontuação obtida num teste semelhante realizado no final do ano. Envolve ainda a realização de ajustes estatísticos de modo a ter em conta as diferenças na aprendizagem dos alunos que possam resultar do background do aluno, de fatores ligados à escola ou que fogem ao controle do professor. Por sua vez, estes ganhos ajustados no desempenho do aluno são comparados entre os professores. Os resultados de VA podem ser expressos de muitas maneiras, mas a mais fácil de entender é através de uma pontuação percentual que indica onde um determinado professor se posiciona em relação a outros. Assim, um professor no percentil 75 de VA para a matemática teria acrescentado mais valor aos seus alunos que o valor acrescentado por 75% dos outros professores a serem avaliados.

Nos EUA, lembram os autores do artigo, os dois sindicatos nacionais de professores, o AFT e o NEA estão a apoiar os sistemas de avaliação de professores que reconhecem e premeiam a excelência e melhoraram o desenvolvimento profissional. Uma atuação consistente com outro apoio, dado a longo prazo, ao Conselho Nacional de Padrões Profissionais de Ensino [National Board for Professional Teaching Sandards], criado para identificar professores excelentes e proporcionar-lhes um bónus de salário.

No entanto, os críticos dos métodos de VA têm levantado preocupações sobre a validade estatística, a fiabilidade e corruptibilidade das medidas de valor acrescentado. Ainda assim, o Grupo de Trabalho para a Qualidade Docente do Centro Brookings Brown tem concluído que há lugar na avaliação do desempenho dos docentes para esta medida quantitativa: “Acreditamos que a resposta correta a essas preocupações consiste na melhoria contínua das medidas de valor acrescentado e no seu uso sábio e não no descartar ou ignorar os dados”.

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