Análise

Autonomia das escolas favorece desempenho dos alunos

por EDULOG


29 de março de 2016 |

Professores com liberdade de ação potenciam melhores resultados nos alunos. Assim se explicam as reformas educativas que desde os anos 80 concedem mais autonomia às escolas. Maior investimento público na educação pode não gerar melhores resultados, uma vez atingido um mínimo orçamental.

O relatório “Low-Performing Students – why they fall behind and how to help them succeed” [Alunos com baixos resultados – porque ficam para trás e como ajudá-los no sucesso], publicado em fevereiro de 2016, mostra os resultados do PISA 2012 analisados à luz dos piores classificados. Os investigadores da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), entidade que organiza o “Programme for International Student Assessment” (PISA), concluem que alcançar a excelência em educação não passa apenas pelo quanto é investido no setor, mas como, quando e onde é gasto o orçamento?

Os professores continuam a ser o fator mais determinante nos resultados dos alunos. Razão pela qual o estudo mostra que a autonomia das escolas beneficia o desempenho dos alunos. Por outro lado, é fraca a associação entre a falta de docentes e os baixos resultados. A conclusão ressalta da análise dos questionários realizados aos diretores das escolas sobre o sistema educativo e o contexto escolar, outra face do PISA que não se cinge a avaliar os alunos.

Como?

As respostas dadas mostram que nos sistemas educativos com menor percentagem de alunos de baixo rendimento – Alemanha, Holanda e Xangai – muitos dos diretores de escola reportam que falta de professores qualificados dificulta o ensino. O que não contradiz a importância dos professores no sucesso educativo dos alunos, mas sugere que os diretores dos vários países têm diferentes expectativas e padrões para determinar se há ou não falta de professores qualificados.

Novidade, os investigadores da OCDE também verificaram fraca associação entre os maus resultados e o número de alunos por turma. Na Ásia, em economias como a de Hong-Kong, Japão, Coreia, Macau, Xangai, Singapura Taipé Chinesa e Vietnam, turmas grandes coexistem com baixas percentagens de alunos fracos. Embora alguns estudos tenham revelado que turmas pequenas podem ser particularmente benéficas para os alunos considerados em “risco” educativo.

As conclusões sobre a importância da utilização de diferentes tipos de recursos estão em consonância com os dados obtidos pelo último “Trends in International Mathematics and Science Study” (TIMSS 2011), que avalia os resultados obtidos pelos alunos do 4.º e do 8.º ano nas áreas da matemática e da ciência. Nesse estudo, os diretores de escola revelam que quando há falta ou inadequação de materiais de ensino, alguns alunos de baixo rendimento são prejudicados. No entanto, isto não acontece quando as turmas são grandes e o ratio aluno professor é elevado.

Quando?

A altura em que os recursos são alocados também é importante, garante a OCDE. Melhorar a infraestrutura e os recursos educativos das escolas pode fazer uma grande diferença para os “maus” alunos quando a qualidade inicial de ambos é pobre. Quando os diretores dizem que a qualidade dos recursos na escola é satisfatória, a melhoria adicional tem pouco impacto na incidência de alunos com baixos resultados.

Noutras palavras: assegurar que cada criança tenha um acesso a edifícios escolares, professores, livros e outros materiais educativos pode ajudar a reduzir o número de alunos com fracos desempenhos. No entanto, investir além de um nível mínimo de qualidade não tem impacto apreciativo na incidência de baixos resultados.

Onde?

De facto, o lugar onde são investidos os recursos também tem impacto na incidência de maus desempenhos. Basta pensar na forma como os sistemas educativos podem distribuir os recursos.

Proporcionalmente, com base no número de estudantes por escola. Ou de modo disperso: alocando fundos adicionais às escolas mais desfavorecidas para compensar a larga percentagem de alunos em risco; ou direcionando fundos que – intencionalmente ou não – reforçam desigualdades socioeconómicas já existentes. Um cenário habitual sempre que os orçamentos das escolas dependem de propinas pagas pelos alunos, doações ou impostos cobrados localmente, referem os investigadores OCDE.

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